domingo, 17 de janeiro de 2016

Uma vez um ex-combatente da guerra do Afeganistão esteve entre meus amigos. Estava ali, sentado na mesma sala que a gente, mas sua mente não.

Naquele dia fiquei pensando em tudo o que ele talvez tenha passado para se tornar aquela pessoa ausente que vimos, tentei imaginar por onde seus pensamentos iam enquanto as demais pessoas conversavam amenidades e riam de coisas banais.
Tentei entendê-lo. Tentei ter compaixão à suas possíveis dores e vazios.

Achei que entendi.

Hoje, sei que jamais entenderei.
A vida já não se resumia a isso para ele.
Provavelmente aquele vazio aparente estava transbordando questionamentos invisíveis.

Hoje, sei que experiências intensas fazem uma marca profunda em quem somos e no nosso entendimento do mundo.
Já não é possível reconhecer o que era antes.
A vida já não se encaixa como um quebra-cabeças. O antes, carregado de significado, parece já não ter sentido.
E quer saber? Talvez o mais desnorteante nem seja a falta de sentido ou a busca por respostas, mas sim saber que, mesmo que tentem, ninguém jamais entenderá.

As vezes o subjetivo te tira do ar.

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